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15/02/2020

A maravilhosa água da chuva*

Quem nunca sentiu o cheirinho de terra molhada e não ficou feliz, especialmente quando a chuva cai depois de vários dias secos? E que renovação se nota na vegetação depois de uma chuva, não? Nem regando uma planta todos os dias conseguimos um verdejar tão intenso. Por que será?

 

Bem, em sua queda da nuvem até o solo, a gota percorre uma boa distância pelo ar. Nesta passagem ela vai dissolvendo uma série de partículas em suspensão. Dentre estas, uma é particularmente importante. São os nitratos livres. O nitrato é um composto químico rico em nitrogênio que é prontamente absorvível pelas plantas. O nitrogênio é a substância responsável pelo crescimento, faz parte da molécula de clorofila (que dá a cor verde às plantas) e entra nas proteínas e enzimas. As proteínas são substâncias estruturais, os tijolos que constituem as estruturas orgânicas, inclusive a carne dos animais, que as obtêm das plantas. Já as enzimas são substâncias que coordenam os processos vitais. Por causa de tudo isto é que a água da chuva deixa as plantas mais verdes, pois vem rica em nitrogênio, que faz as plantas crescerem, verdejarem e funcionarem mais ativamente. Por isto devemos preferir a água da chuva para regarmos nossas plantas, pois é rica em nitrogênio e não possui cloro como as águas tratadas. O cloro saliniza o solo e aos poucos mata as plantas, pois desequilibra os sais minerais de suas estruturas. Por isso também é preferível a água de poços e vertentes.

 

Todavia, a água da chuva não teria estas virtudes se não fossem os raios. Acontece que a atmosfera é composta de 78 por cento de nitrogênio puro que não se dissolve em água nem é absorvível pelas plantas. A sua transformação em nitrato se dá graças à energia elétrica dos raios, que quebra a molécula de nitrogênio, fazendo com que ela se ligue ao oxigênio e se transforme no nitrato. Todo ano cerca de 100 quilos de nitrato caem por hectare de terra desta maneira.

 

E aqui podemos perceber mais uma das maravilhas da natureza. Justamente no verão, quando há maior disponibilidade de luz e calor estimulando o crescimento vegetal, é que são mais frequentes os temporais com relâmpagos e trovões, que vêm trazer o nitrato para completar o quadro de condições favoráveis ao rápido crescimento vegetal.

 

É aqui também que podemos perceber a capacidade maravilhosa que nos foi concedida de compreendermos de modo analítico tudo o que nossos sentidos captam. Utilizando-a, podemos compreender o cosmo que nos cerca e, alicerçados nela, atuar como legítimos maestros do mundo que nos cerca. Basta estarmos com a mente atenta e aberta para fenômenos como o da água da chuva para compreendermos como agir no sentido de uma vida harmoniosa e equilibrada.

 

 

*Arno Kayser — agrônomo, ecologista e escritor, ex-presidente do Comitesinos e representante do Movimento Roessler para Defesa Ambiental na plenária do Comitê.

Leia esse e outros artigos de Arno Kayser no blog Pra pensar a ecologia em dias tão confusos

 

 

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