Boatos de comportas que não existem

Comunicação Comitesinos

crédito: Divulgação/Canela/RS
Enquanto a Bacia do Rio dos Sinos vive uma enchente histórica, a região começa a sofrer também com uma boataria que anos atrás era comum apenas nas cheias do Vale do Caí: a de que a barragem do Salto, em São Francisco de Paula, estaria abrindo suas comportas. A informação, que em várias ocasiões quase causou pânico em São Sebastião do Caí, agora se repete em São Leopoldo e municípios vizinhos. Com um agravante: além da barragem não ter comportas, ela sequer despeja suas águas diretamente na Bacia do Sinos. O paredão de 10 metros de altura por 600 metros de comprimento fica no Rio Santa Cruz, que é formador do Rio Caí.
Para a Bacia do Sinos, o que existe é uma tubulação de 2,2 metros de diâmetro, que desvia parte da água por cerca de dois quilômetros até a usina Bugre, no Rio Santa Maria (que deságua no Paranhana, que vai para o Sinos). Mas essa transposição, que garante parte da vazão do Sinos na estiagem, não pode ser extrapolada na cheia. Isso porque ela está limitada ao diâmetro do duto (veja a figura).
SISTEMA SALTO
A barragem, na verdade, faz parte de um Sistema Salto, que tem ainda as barragens do Blang e da Divisa. Os reservatórios foram construídos pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) entre as décadas de 50 e 60, para a produção de energia. Quando os lagos das barragens enchem demais, elas simplesmente vertem a água por cima, seguindo o fluxo normal do Rio Santa Cruz.
O assunto já foi tratado em várias reportagens no Vale do Caí (veja uma delas na galeria), para desmistificar comportas que não existem. Ao que parece, o tema agora terá que ser repetido também para as populações da Bacia do Sinos.