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Seminário molda nova fase para a Educação Ambiental na região

Comunicação Comitesinos

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Cerca de 200 professores e autoridades, de 22 municípios da Bacia do Rio dos Sinos, deram nesta quarta-feira (dia 6) um importante passo tornar a Educação Ambiental uma estratégia de Estado em toda a região. O principal instrumento para isso será a Carta das Águas para a Educação Ambiental, documento resultante (e aprovado por todos os participantes) do IX Seminário Regional de Educação Ambiental da Bacia do Rio dos Sinos, ocorrido durante todo o dia, no auditório Bruno Hammes, na Unisinos, em São Leopoldo.

Promovido pelo Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), com patrocínio da Petrobras, através da Refap S/A, o evento serviu também para elaborar um mapa das estruturas para Educação Ambiental em cada município – pontos fracos e pontos fortes e quais seriam as prioridades para melhorar o quadro. Os educadores e autoridades participaram também de uma reflexão sobre a necessidade de trabalhar a Educação para que conceitos globais, como progresso e desenvolvimento social e econômico tenham uma relação positiva com o meio ambiente.

“O Brasil tem uma riqueza muito grande de recursos naturais que hoje são escassos em outros países. Se não prestarmos atenção nisso, estaremos jogando fora um tesouro inestimável. É aí que a Educação Ambiental passa a ter também uma importância econômica e é para aspectos como esse que tanto a sociedade quanto o Estado precisam acordar”, salientou o professor Fernando Soares, que coordenou as oficinas do dia.  O grupo também teve uma explanação sobre fontes de recursos para projetos de Educação Ambiental, tanto de fundos governamentais quanto de editais de instituições da iniciativa privada.

 APOIO INSTITUCIONAL

O resultado do seminário será apresentado na próxima reunião plenária do Comitesinos, marcada para a quinta-feira (dia 14), também na Unisinos. A ideia é que o colegiado do Comitê de Bacia ratifique o documento, que será então remetido para as câmaras de vereadores, prefeitos e secretários de Educação e de Meio Ambiente dos municípios do Vale do Sinos. Com isso, o grupo busca conseguir apoio político para que a meta de institucionalizar a Educação Ambiental seja incluída nos Planos Municipais de Educação, atualmente em fase final de formulação.

“Não queremos criar uma nova instituição, mas assegurar os meios de promover a Educação Ambiental que, aliás, é dever legal dos municípios”, assinala a coordenadora do Programa Permanente de Educação Ambiental (PPEA) do Comitesinos, Viviane Nabinger. “Pretendemos também chegar na Assembleia Legislativa, para que a proposta seja incluída no Plano Estadual de Educação”, completa. A coordenadora também lembra que a Carta das Águas não propõe estabelecer uma disciplina de Educação Ambiental. “O tema é transversal, devendo ser trabalhado em todas as disciplinas.”

Aliás, mais do que referência à esfera pública do Palácio Piratini, as menções a estratégias ou políticas de Estado feitas durante o Seminário se referem ao conceito de estadismo. “Quer dizer algo que está acima de um período de governo municipal ou estadual. Ou seja, mesmo havendo trocas de autoridades, siglas ou ideologias em uma prefeitura ou no Estado, o organograma ou estratégia de Educação Ambiental continuaria assegurado”, esclarece Viviane.

“Na região, temos alguns raros e louváveis exemplos de prefeituras que se deram á Educação Ambiental o status que ela necessita. Mas, via de regra, ela ainda ocorre muito mais pela boa vontade de educadores do que pela visão de governos”, assinala a coordenadora. Ou seja, muitas vezes os professores não têm designação de horas para o tema, não há rubrica para materiais didáticos específicos, qualificação do pessoal ou mesmo transporte. Os próprios centros ambientais (que são espaços importantes de referência no tema), quando existem, na maioria dos casos não têm garantia de sobrevida.

 CONSISTÊNCIA

Segundo o presidente do Comitesinos, Arno Kayser, a Bacia do Sinos chegou em um ponto onde a Educação Ambiental precisa ser vista como essencial para dar consistência a outros instrumentos já institucionalizados. “Temos, por exemplo, Planos de Saneamento e discussões sobre Planos Diretores Municipais. Isso sem falar no Plano de Bacia do Rio dos Sinos, aprovado e referendado no ano passado, que tem uma série de metas a serem compridas nos próximos anos”, explicou. Para o presidente, as pessoas precisam entender como funciona o ecossistema para compreender o papel de cada um próprio desenvolvimento sustentável da própria região.

Desde o seu início, no final dos anos 80, o Comitesinos tem trabalhado no apoio aos municípios, seja pela qualificação dos recursos humanos, oferta de materiais didáticos ou na viabilização de equipamentos e estruturas físicas. Trabalho que ganhou consistência a partir do PPEA e do Projeto Dourado, que atua a partir de escolas polo que formam multiplicadores e levam a Educação Ambiental para além da sala de aula – praticamente levando as comunidades para perto de seus cursos d´água.

Mais do que isso, em quase duas décadas, o Dourado (que se tornou sinônimo do PPEA) viabilizou diversos projetos do Comitesinos, como o Monalisa (que mapeou mais 8 mil pontos de impactos ambientais em 2,7 mil quilômetros de córregos, arroios e rios) e o VerdeSinos (que já recuperou ou preservou mais de 330 hectares de mata ciliar na Bacia do Sinos). Toda essa trajetória foi contada no livro Almanaque do Dourado – A Trajetória do Programa Permanente de Educação Ambiental da Bacia do Sinos, lançado no final do Seminário desta quarta-feira e distribuída a todos os participantes.


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