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Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

A bacia hidrográfica do Rio dos Sinos é formada por 30 municípios (total ou parcialmente dentro desta configuração geológica), que ocupam uma área de 3.694 km². Ocupando cerca de 1,3% do território estadual, a bacia do Rio dos Sinos é responsável pela geração de aproximadamente 21% do seu Produto Interno Bruto – PIB e abriga uma população estimada em 1.440.500 habitantes.


Localiza-se na região leste do Estado do Rio Grande do Sul, tendo ao norte a Serra Geral, onde faz divisa com o curso superior do Caí. O vale do Caí continua sendo seu vizinho a oeste até o encontro de ambos no Delta do Jacuí. Ao sul fica a cadeia de morros que faz o divisor de águas do Sinos e Gravataí, que é outro formador do Guaíba. A leste fica a cadeia montanhosa onde o rio nasce no interior do município de Caraá, a cerca de 600 metros de altitude.


O Rio dos Sinos – curso principal da bacia homônima - é um dos principais rios de domínio do Estado, e forma, junto com mais sete rios, a Região Hidrográfica do Guaíba. Com cerca de 190 km de extensão, de Caraá (nascente) ao município de Canoas (foz), o Rio dos Sinos recebe contribuições de corpos d’água que totalizam uma rede de drenagem de 3.471 km. Seus principais afluentes são, no sentido das cabeceiras para a foz: o Rio Rolante, o Rio da Ilha e o Rio Paranhama, todos pela margem direita e com nascentes na região serrana (municípios de São Francisco de Paula e Canela). Na porção inferior recebe, ainda, contribuições dos arroios Sapiranga, Pampa, Luís Rau, Portão, João Corrêa, Sapucaia e outros. O Rio dos Sinos tem três modos diferentes de correr, que são definidos pela declividade do seu fundo: o trecho superior – primeiros 25km, entre as cotas 600 e 60m onde o fluxo do rio é bastante rápido e encachoeirado; o trecho médio – com 125km entre as cotas 60 e 5m onde o rio se desloca normalmente; e o trecho inferior – com 50km e cuja declividade é praticamente nula, apresentando um escoamento muito lento.


O clima da região é subtropical com médias anuais em torno de 20 graus e cerca de 1.600 mm de chuva por ano, bem distribuídos nas quatro estações.



Exemplos de vazões normais e de estiagem, na bacia Sinos, em metros cúbicos por segundo.


Visualização - de

LOCAL

VAZÃO NORMAL (m³/s)

VAZÃO DE ESTIAGEM (m³/s)

Rio Rolante 19,0 0,8
Rio da Ilha 39,0 1,6
Rio Paranhana 57,0 2,5
Rio dos Sinos, Taquara 41,0 0,7
Rio dos Sinos, após Paranhana 58,0 2,5
Rio dos Sinos, Campo Bom 65,0 2,9
Rio dos Sinos, São Leopoldo 71,0 2,9
Rio dos Sinos, na foz 84,0 3,1
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Um fator que favorece a situação da bacia do Rio dos Sinos é a contribuição de água proveniente da bacia do rio Caí, através do Sistema Hidrelétrico do Salto, que através de um túnel desvia entre 5 a 9 m³/s para dentro do rio Paranhana (afluente do Sinos). Isso representa cerca de 10% da vazão normal do Rio dos Sinos em sua foz.


Da interação do clima com as condições de fertilidade e umidade do solo surgem alguns ecossistemas bem típicos que, primitivamente, dominavam toda a região e hoje se restringem às áreas de preservação legal e aos pontos não explorados pelo homem.


No alto da serra, nas regiões de maior altitude, encontramos os campos de cima da serra onde muitos dos seus formadores nascem em pequenos banhados da altitude. Isto em função da pouca profundidade do solo e do clima muito frio. Na zona norte e oeste nas encostas da serra geral, onde o solo, derivado da rocha basáltica, tem maior fertilidade predomina a mata subtropical muito rica e diversificada tanto em animais como em plantas. Esta vegetação forma a proteção dos solos das cabeceiras dos rios e são fundamentais para protegê-los das chuvas, bem como recolhê-las e facilitar a sua entrada no solo rumo às vertentes primeiras do vale.


Já nas partes alagadiças, junto ao curso médio e inferior, há um ecossistema em que a fertilidade natural trazida pelas cheias e a presença constante da umidade no solo formam uma paisagem típica: os banhados (ou áreas úmidas como reportado na legislação). Eles funcionam como um filtro biológico e local de reprodução de peixes e outros animais do rio. Além disso, atuam como reguladores da vazão, absorvendo o excesso das cheias e liberando água nos períodos de seca. Ainda contribuem em muito para a limpeza natural da poluição e como fonte de renovação da vida. São habitados por muitos animais e plantas típicas de ambientes alagados, em especial aves, anfíbios e vegetação flutuante. São fundamentais para a saúde do rio.


Junto às margens do rio e seus afluentes existe a mata de galeria. Ambiente que recebe este nome por formar um corredor no meio do qual corre o rio. Possuem uma parte ocupada por cidades, lavoura e pecuária, existindo poucos lugares intactos.


O Sinos e seus afluentes na parte mais alta se caracterizam pelas corredeiras e águas translúcidas muito oxigenadas, porém de pequena largura. Já na parte média e inferior ele percorre lentamente uma região mais plana. É um trecho de menos oxigênio dissolvido onde as águas são mais turvas devido aos sedimentos em suspensão trazidos pelas chuvas e também pelas características do solo local. Isto faz com que, de um modo geral, as espécies aquáticas mais exigentes em termos de oxigenação predominem nas partes altas do rio, enquanto as mais adaptadas a uma menor oxigenação vivam nas partes mais baixas. Obviamente que esta distribuição sofre muitas influências dos efeitos da poluição e de outras interferências humanas.


Antigamente a região era habitada por populações indígenas. Mas estas populações, quase que totalmente, foram expulsas da região ou miscigenaram-se com imigrantes. Estes povos chamavam o rio de Cururuaí e Itapuí. A primeira, significando “Rio dos Ratões do Banhado” e a segunda, “ Rio das Pedras que Gritam”. Ambas as denominações relacionadas com este mamífero aquático que costuma gritar de suas tocas. O nome Sinos é posterior e teria vindo da sinuosidade do seu curso.


Ao final do século XVIII instalou-se na região que é hoje São Leopoldo, um projeto agrícola do império que visava a produção de linho cânhamo, cuja sede até hoje existe. O empreendimento fracassou e o império brasileiro recém entronizado com a independência do país resolveu colonizar a região com uma população agricultora que servisse de apoio logístico para suas campanhas militares no Prata.


Em 1824 chegaram os primeiros colonos alemães. Estes foram distribuídos em pequenos lotes familiares que iniciaram a ocupação da região. Inicialmente dedicaram-se a agricultura – atividade que ainda perdura em muitos locais do vale. Com o tempo foram se formando pequenos núcleos comerciais que, usando o rio como meio de transporte, fizeram florescer intenso comércio com Porto Alegre e começaram a gerar mudança econômica na região. Aos poucos se instalou o artesanato de couro que produzia arreios e calçados para as regiões vizinhas.


Na virada do século, a construção da estrada de ferro traz novo impulso econômico à região. As oficinas de artesãos vão evoluindo para pequenas e médias indústrias de calçados. São construídas represas para gerar energia elétrica e é instalado um parque fabril que evolui rapidamente.


Na década de 60, com a criação da Feira Nacional do Calçado – Fenac e o início das exportações de calçados a região torna-se o principal pólo exportador deste produto no país. Fenômeno que trouxe muitos recursos ao vale e serviu de atração para uma imensa massa de migrantes expulsos do campo pela revolução agrícola. Isto gerou um crescimento rápido e desordenado da região, especialmente nos seus núcleos urbanos.


Toda esta população tem se valido do rio para os mais diversos usos. Além de via natural de transporte, o Rio dos Sinos tem sido fonte de abastecimento de água aproximadamente 1,3 milhão de habitantes.


Do mesmo modo a indústria tem se utilizado dele como fonte de extração de água para os mais diversos fins. A irrigação agrícola também busca no rio e seus afluentes uma fonte do líquido precioso. A pesca artesanal é outra fonte de exploração de suas águas, mais como opção de lazer da população que também dele se utiliza para banhos e esportes náuticos.


Suas margens são muito usadas para o descanso nas várias prainhas e recantos. A pesquisa científica também tem se debruçado sobre o rio e seus ecossistemas naturais. Até mesmo a construção civil busca no seu leito a areia para erguer as cidades do Vale.


E como não poderia deixar de ser, ele tem sido o destino final de uma série de rejeitos da nossa sociedade. A principal fonte de poluição do Rio dos Sinos está no lançamento de esgotos com tratamento insuficiente ou sem tratamento.


O modelo de ocupação bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, ancorado em formas desorganizadas e tecnologias agressivas de ocupação e uso do solo, tem levado à contaminação crescente dos corpos hídricos e à degradação da flora e fauna original. O monitoramento da qualidade das águas (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler – FEPAM) e diagnósticos (como o Projeto MONALISA e o Plano de Bacia) demonstram as consequências dos desequilíbrios causados pelos modos de vida e de produção, que dependem da disponibilidade hídrica em qualidade e quantidade para o consumo humano, dessedentação de animais, desenvolvimento das atividades produtivas, culminando com a mortandade de mais de 85 toneladas de peixes, no ano de 2006.


Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos

Visualização - de

CÓDIGO

MUNICÍPIOS

População total por município

Área total por município (km²)

Área do município (km²) na Bacia

Área do município(%) na Bacia

População do município na Bacia

TOTAIS 2.076.327 3.696,5331 1.352.134
00877 Araricá 4.864 35,97 35,6890 99,23 4.827
03103 Cachoeirinha 118.278 41,56 6,6530 16,01 18.932
03905 Campo Bom 60.074 57,75 57,5627 99,68 59.880
04408 Canela 39.229 251,21 148,7563 59,22 23.230
04606 Canoas 323.827 128,20 74,1678 57,85 187.349
04689 Capela de Santana 11.612 188,79 4,1085 2,18 253
04713 Caraá 7.312 299,61 299,6094 100,00 7.312
06403 Dois Irmãos 27.572 71,42 6,3373 8,87 2.447
07609 Estância Velha 42.574 51,75 48,8919 94,47 40.220
07708 Esteio 80.755 27,02 27,0204 100,00 80.755
09050 Glorinha 6.891 323,91 0,0003 0,00 0
09100 Gramado 32.273 242,45 77,7020 32,05 10.343
09209 Gravataí 255.660 461,56 64,5787 13,99 35.770
10108 Igrejinha 31.660 140,95 131,8487 93,55 29.616
10801 Ivoti 19.874 63,81 3,1747 4,98 989
13060 Nova Hartz 18.346 64,46 63,5540 98,59 18.087
13375 Nova Santa Rita 22.716 216,80 92,9563 42,88 9.740
13409 Novo Hamburgo 238.940 225,28 225,2765 100,00 238.940
13508 Osório 40.906 661,59 29,9863 4,53 1.854
14050 Parobé 51.502 106,92 106,9201 100,00 51.502
14803 Portão 30.920 155,15 133,8890 86,30 26.684
15750 Riozinho 4.330 236,35 236,3452 100,00 4.330
16006 Rolante 19.485 262,84 262,8396 100,00 19.485
16956 Santa Maria do Herval 6.053 130,56 2,7858 2,13 129
17608 Santo Antônio da Patrulha 39.685 1.076,70 347,6380 32,29 12.813
18200 São Francisco de Paula 20.537 3.342,74 387,4356 11,59 2.380
18705 São Leopoldo 214.087 102,02 102,0170 100,00 214.087
19505 São Sebastião do Caí 21.932 110,25 4,5747 4,15 910
19901 Sapiranga 74.985 137,75 83,0487 60,29 45.209
20008 Sapucaia do Sul 130.957 64,51 64,5142 100,00 130.957
21204 Taquara 54.643 446,71 413,3136 92,52 50.558
21709 Três Coroas 23.848 162,19 153,3377 94,54 22.546
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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.


*Taxa de crescimento geométrico médio anual dos municípios no período 2000-2010


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